terça-feira, julho 28, 2009

Por que não gosto daqui?


Conforme prometido, seguem algumas considerações que tornam a vida aqui um pouco chata:

-Saudades...preciso dizer alguma coisa? Sinto, sim, muita falta da família, de estar com os amigos, de algumas comidas gostosas, de ter uma rotina.
-Verão fajuto: chove quase todo dia, mas não é chuva de verão no fim da tarde não. É um tempinho estranho e meio nublado, sem graça. Já peguei dias quentes aqui, mas chamar isso de verão é sacanagem.
-Faz muito frio. Isso é o que dizem e eu sei que é verdade. Estou só esperando o inverno chegar pra poder concluir se isso é chato mesmo ou se é possível ser feliz no inverno.
-Calor humano. Não posso reclamar pois estamos bem servidos no que se refere a amigos e brasileiros queridos que abraçam quando se encontram. Mas as pessoas daqui mesmo são distantes demais. Não espero que me beijem mesmo sem me conhecer, mas ao final de um curso de 3 semanas, poder dar um tchau mais afetuoso, algo além de um aperto de mão me parece de bom tom. Mas não aqui...
-Sou dentista mas não posso atuar. Eu já sabia de tudo isso antes mesmo de sair do Brasil e sempre achei um pouco paradoxal um país incentivar a imigração de profissionais qualificados uma vez que precisa desse tipo de mão de obra e quando chegamos aqui não podemos trabalhar. Tomara que isso mude um dia pra tornar a vida dos imigrantes um pouco mais fácil.
-As festas de aniversário em casas de festas duram apenas duas horas. As crianças amam, se divertem, mas é pouco.
-Tenho que lavar, passar, cozinhar, limpar a casa. É bem verdade que esses serviços por aqui são infinitamente mais fáceis de se realizar do que no Brasil. Aqui a gente encontra tudo o que é tipo de coisa pra facilitar sua vida, mas tem dias que tenho saudades da Antonia.
Como deu pra perceber, aqui também não é o paraiso. No fundo tudo gira em torno da saudade e eu acho que ficar traçando paralelos nem sempre é benéfico para quem os traça, já que aqui é um outro país, uma outra cultura.
Não quero bancar a pessimista, mas acho que vale a pena mostrar que nem tudo são flores. Vale lembrar também que essa é minha opinião pessoal. O que é bom pra mim pode não ser pra você e vice-versa.
Se lembrar de mais detalhes, coloco em outro post!

quinta-feira, julho 23, 2009

Maria Eduarda

Esse post é pra você, minha querida. Nasceu ontem, nossa (primeira) afilhada.
Gordinha, comprida. Jamais imaginei que minha amiga fosse gerar uma filha tão grande. Como disse pro meu compadre, ela já nasceu criada.
Ganhou da Olívia no peso, perdeu por pouco no tamanho.
Ela não é Duda. É Madu! Diferentemente linda!
Ontem, quando a Re se preparava pra entrar na sala de parto, graças à tecnologia, eu falava com ela via MSN pelo celular enquanto eu estava no ônibus voltando do curso. Preciso dizer que paguei o maior mico chorando no ônibus: de emoção, tristeza por não estar lá, alegria, tudo junto e misturado.
Tomara que você e Olívia sejam amigas, como eu e sua mamãe.
Aos que nascem e eu não tenho a oportunidade de ver logo de cara, costumo dizer: nunca te peguei mas já te amo tanto!
Com você não poderia ser diferente...amamos muito e desejamos uma vida linda pela frente!
Dinda, Dindo e Olívia

terça-feira, julho 21, 2009

Por que eu gosto daqui?

-Não tenho medo de assalto. Claro que aqui não é o paraiso, muita coisa errada acontece, mas não tem nem como se comparar a tensão que vivíamos no Rio ao sair de casa com o que sentimos aqui.
-Os ônibus são pontuais. Tem dias que eles passam alguns minutos mais cedo ou mais tarde, mas de modo geral é tudo bem previsível e dá pra se programar contando com o horário em que o ônibus vai passar.
-Moramos em casa com quintal. Nos primeiros dias eu ficava meio assustada por morar numa casa sem muros nem grades, mas pouco a pouco estou em acostumando e gostando disso. Olívia ama entrar e sair de casa. Temos que aproveitar enquanto é tempo, porque daqui a pouco chega o terrível inverno e tudo fica bem diferente por alguns longos meses.
-Tem uma igreja bem perto da minha casa e eu posso ir à pé à missa. Nunca morei tão perto de uma igreja. Além disso ela parece ser bem ativa, com uma programação legal da qual eu pretendo participar em breve.
-Conheci pessoas maravlihosas nesse curto espaço de tempo e a presença desses amigos com certeza faz com nossa adaptação seja mais tranquila e feliz.
-O community centre fica a duas quadras daqui, tem piscina aquecida e várias outras atividades para todas as idades, inclusive e especialmente no inverno. A biblioteca também fica assim pertinho e é maravilhoso poder pegar livros, revistas e DVDs. Tem pra todos os gostos, idades, sexos e o melhor, não custa nada!
-O shopping é logo ali também, tem várias lojas bacanas e uma coisa bem interessante: de manhã tem uma atividade dentro do shopping que chama Mall walkers, pra quem quer se exercitar e não ter a desculpa de que está nevando.
Escrevi de modo geral o que gosto daqui da região onde estou morando. À medida que for lembrando, acrescento mais coisas. A série "Do que não gosto daqui" também vai sair do forno em breve, mas hoje queria dar um ar mais positivo ao blog.

sexta-feira, julho 10, 2009

Dear Daughter

Hoje e' seu aniversa'rio! Que dia lindo voce ganhou de presente: sol, ce'u azul, quintal e grama verdinha pra voce correr.
Bem cedinho voce veio do seu quarto pra cama da mamae, sozinha, reconhecendo o caminho que traz voce ate' o aconchego de nosso abraco, quietinha. O raio de sol ja atravessava a nossa janela e iluminava ainda mais seu rosto lindo, cheio de vida no alto dos seus dois anos.
Com dois anos voce esta' recomecando a viver, longe dos nossos queridos, aprendendo outra lingua ainda que voce nem fale o portugues. E esta se saindo tao bem!
Mamae fica sempre pensando se estamos no caminho certo, se aqui voce sera' feliz, se aqui vai ser bom e seguro pra voce, mas pode ter certeza de que nosso objetivo principal e' proporcionar bem estar a voce. O que importa pra no's e' ve-a feliz e sauda'vel.
Quantas alegrias voce nos proporciona! Muitas preocupacoes tambem, 'e verdade, mas nada paga o preco do seu sorriso, do seu abraco, do seu beijo espontaneo fora de hora que enche meu coracao de orgulho e (ainda mais) amor.
Filha, Papai do ce'u abencoe sua caminhada, seus longos anos de vida. Estamos ao seu lado pra amparar, ensinar, cuidar.
Que n'os tenhamos um ano feliz, cheio de descobertas e amor, muito amor!
Amo voce, filha querida.

terça-feira, julho 07, 2009

1 mes e 1 dia

Passa rapido mesmo...ontem fez um mes que chegamos aqui e eu mal tive tempo de postar e fazer o balanco. Peco desculpas pelo teclado sem acento, mas estou no curso Job Finding Club e nao sei configurar esse teclado.
A mudanca foi bem tranquila, levamos as coisas aos poucos e por fim ainda tivemos a chnace de participar da comemoracao do Dia do Canada. Encontramos nossos amigos do Tudo ao mesmo tempo, comemos pizza e ficamos assistindo os fogos na calcada.
Quando a comemoracao acabou, cada um pegou sua cadeirinha e foi embora, menos nos, que ainda ficamos sentados na rua batendo papo ate cansar. Olivia acabou dormindo no meu colo de tao cansada que estava.
Agora a rotina parece que esta tomando forma de verdade e isso e bom, mas por outro lado as vezes bate um certo medo, me pergunto se de fato fizemos a coisa certa. Falo disso num outro post.
Nesse mes posso garantir que nao me arrependi de nada. Conheci muita gente nova (muitos brasileiros e' verdade), os canadenses sao meio distantes mas ainda e' cedo pra tirar qualquer conclusao. Mudamos pra nossa casa e eu estou achando super estranho morar em uma casa terrea depois de anos e anos morando em apartamento. Me sinto meio insegura ainda, mas sei que logo me acostumo.
Nesse primeiro mes sentimos de fato que imigrar nao e' pra qualquer um: carregar compra de supermercado no onibus, demorar 2 horas pra chegar num lugar, voltar a noite e ainda ter que caminhar ou ter que depender da carona de amigos nem sempre e' facil. Fora que quando conseguimos uma carona temos que levar o car seat da Olivia a tiracolo o que torna tudo ainda mais complicado.
Outro dia alugamos um carro e tivemos que ir ao aeroporto buscar, de onibus, com a Olivia no colo dormindo e o car seat sendo carregado pelo Dory. Nem sempre e' engracada essa vida de imigrante.
Tiramos nossa carteira G1 e esse fato merece um post a parte tb. E' quase uma novela.
Tem dias que desanima um pouco pensar no recomeco. Da saudade da zona de conforto, da comida da vo, dos papos com as primas, da familia, da irma, mamae, cunhado, amigas. Chega a doer.
Por outro lado nao tenho mais medo de andar de carro e parar num farol a noite, minha filha brinca pelas ruas do condominio livremente (sob nossa supervisao, claro) e essa sensacao de seguranca nao tem preco.
Como eu sempre digo, pagamos um preco alto por estarmos aqui. Tem dia de choro, dia de medo, dia de alegria e o tempo vai dizer se estamos no caminho certo.