Ontem atendemos novamente uma paciente que relatou na consulta anterior que sofria de Síndrome do Pânico. Tínhamos que ter todo cuidado, dar pausas de vez em quando e usar anestésico sem epinefrina pra que ela não tivesse uma taquicardia durante o procedimento.
Tudo foi feito conforme o combinado, mas logo após a anestesia ela começou a ter uma crise, dizendo que não conseguia respirar e que iria desmaiar. Tentamos acalmá-la, ela respirou tranquilamente e pediu pra que continuássemos o procedimento.
Mas ela sentiu dor e a dentista teve que dar mais um pouco de anestesia. Aí, a síndrome veio com tudo.
Ela levantou rapidamente, disse que estava sem ar, que ia desmaiar, que ia morrer, que não consegui respirar. Eu, ao lado dela, apenas dizia pra que ela respirasse calmamente. Ela nem mudou o tom da pele, não suou frio nem nada. Pedia pra ligarmos pro 911.
Abaixamos a cabeça dela pra oxigenar o cérebro e a secretária ligou pra emergência que fez algumas perguntas e disse que enviaria socorro ao local.
Logo chegaram 2 paramédicos todo equipados, mas nessa hora ela já tinha voltado ao estado normal e estava sentindo muita vergonha da confusão que tinha armado. Ela mesma dizia que estava muito envergonhada.
Os paramédicos checaram todos os sinais vitais e tudo estava perfeitamente bem. Ela ficou mais um tempo sentada, até que resolveu ligar pra uma amiga que veio buscá-la.
Senti muita pena dela, pois a reação, pra quem via de fora, era totalmente esperada. Ela sabe que vai passar mal e então, paassa mesmo.
Por fim ela contou que quando tinha 14 anos sofreu um grave acidente de carro onde tiveram muitas mortes e depois disso a vida dela nunca mais foi a mesma.
Foi uma experiência nova pra mim no consultório, mas fiquei mesmo foi com dó dela pelo stress pós-traumático que a acompanha por pelo menos 20 anos.
5 comentários:
Que pena dessa paciente. Já pensou carregar esse trauma pelo resto da vida?
E a vida segue...
Também já tive uma experiencia parecida com a sua. Um colega meu, amigão por sinal, começou a ter como se fosse um infarte no trabalho. Ele tava muito mal, tivemos que leva-lo a um hospital, foi um sufoco. No hospital, até fiquei meio bravo, porque os médicos só sorriam!!!! Era na verdade uma espécie de sindrome de panico. Mas o meu amigo é um cara muito bem resolvido, e ele levou super na esportiva o caso. Só que nos deu um baita de um susto, rs.
Tive uma experiencia parecida com uma amiga do Brasil. Ela sofreu um acidente de carro terrivel, tal qual a sua paciente. Ha' alguns anos atras ela veio passar o Natal aqui no Canada. Entao resolvemos ir ao Shopping no Boxing Day. Nevava muito naquele dia e a estrada que peguei era nova. Voce sabe como e' dirigir na neve... E' super facil derrapar.... e foi exatamente o que aconteceu, acalerei um pouquinho na curva e perdi controle do carro... Conhecia bem aquela regiao, na epoca era so' mato... Nao deu outra, sai da pista... Eu estava super calma e nem me preocupei, mas minha amiga teve um verdadeiro ataque... Varios carros pararam para ajudar e tivemos que trocar 2 pneus da minha SUV que estouraram no acidente... Ela ficou o tempo inteirinho chorando incontrolavelmente. Quando tudo terminou perguntei: - E ai vamos fazer compras? .. (e por mim eu ia mesmo) ... Mas precisamos voltar pois ela precisou de calmantes...
Beijos,
De
Oi...eu estou indo para o Canadá e tenho ligo varios blogs e muitos relatam a dificuldade de encontrar o primeiro emprego na área de atuação. Estive lendo o seu blog e não encontrei nenhum post falando sobre isso. Gostaria de saber como foi a sua busca pelo primeiro emprego na sua área.
Danielle
Que coisa mais triste isso. Eu simplesmente morro de medo de dentista, mas sou comportadinha!!! Imagino a vergonha dela e a dificuldade em viver com este trauma.
bj
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